quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

dia de samba!



Salve o samba, porque quem não gosta de samba, bom sujeito não é!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Grandes cineastas brasileiros em debate no 8º SMVC: Glauber Rocha e Sílvio Tendler

“Tem gente que faz filme sobre personagens comuns eu faço sobre personagens históricos”, declaração de Tendler, fazendo referência ao seu filme, exibido hoje no Theatro Treze de Maio.
Sem duvida, a fala do documentarista figurão justifica muito de sua trajetória no cinema.

Bem aos moldes do fazer cineclubista o bate-papo com Tendler se fez de forma horizontal e descontraída. Com ele no palco, estava Luiz Alberto Cassol. O publico infelizmente pequeno, tinha o interesse daqueles que de fato são apreciadores da sétima arte. “Não importa o número de pessoas, falo para aqueles que realmente desejam ouvir”.

No encontro, o documentarista atendeu a diversos debates e discussões. Falou da analogia de labirinto no nome do longa, por Glauber ser uma pessoa intuitiva e inesperada. “Por isso o labirinto, construí imagens e depoimentos que tentavam resgatar Glauber, e de repente ele estava lá no outro caminho”.

Com uma obra pouco compreendida que por ora versa o bitoresco, o cineasta nordestino influenciou muita gente boa como o diretor de Cidades dos Sonhos, David Linch. “Eu mesmo não gostava de assistir ao Glauber, achava meio chato, louco demais. Resolvi fazer o filme para aprender a gostar”

Segundo Tendler é preciso muito mais que assistir aos filmes, apurar o olhar cinematográfico para compreender produções como as de Glauber. “Ele queria mesmo fazer cenas desconexas, instigar o pensamento.”Depois de uma hora e meia, Cassol então encerrou o bate-papo cumprimentando ao cineasta e a todos os presentes, com a frase: “o festival já valeu a pena só por este momento”. E como valeu!

Sílvio Tendler - Homenageado Nacional

Um dos principais documentaristas do país, Silvio Tendler receberá mais uma homenagem em sua vasta carreira. Isso porque o seu nome será o destaque nacional da oitava edição do Santa Maria Vídeo e Cinema, que acontece em entre os dias 23 e 28 de novembro de 2009.

Tendler, cuja obra conta com 40 filmes entre curtas, médias e longas-metragens, tem dentre suas produções os longas "Os Anos JK- Uma trajetória política" (1980), "O Mundo Mágico dos Trapalhões" (1981) e "Jango" (1984), que alcançaram as maiores bilheterias entre documentários na história do cinema brasileiro.

Seu trabalho mais recente, "Encontro com Milton Santos ou O Mundo Global Visto do Lado de Cá", ganhou o Prêmio de Melhor Filme do Júri Popular na última edição do Festival de Brasília. Já seu tão esperado "Utopia e a Barbárie" recebeu o prêmio de Melhor Direção e Montagem do 4º Festival do Paraná de Cinema Brasileiro Latino.

No que se refere a premiações e homenagens, o documentarista tem uma bagagem invejável, constam em seu currículo títulos como: Prêmio Salvador Allende no Festival de Trieste, Itália, Homenageado no X Festival de Cinema Brasileiro em Paris, Medalha Tiradentes, da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, entre muitos outros.

8º Santa Maria Vídeo e Cinema



8º Santa Maria Vídeo e Cinema- Debates, oficinas e mostras competitivas promovem a democratização do audiovisual

A oitava edição do Festival Santa Maria Vídeo e Cinema - SMVC, está sendo realizada de 23 a 28 de novembro de 2009. Nesta edição, o tema é “Da película ao pixel”, e o objetivo do Festival segue o mesmo: democratizar o acesso do público ao audiovisual.

O SMVC deste ano, conta com um recorde: mais de 390 produções foram inscritas para as Mostras Competitivas, nas categorias animação, documentário, ficção e videoclipes. O homenageado nacional desta edição é o cineasta, Sílvio Tendler, a homenageada local é a atriz, Manuela do Monte. O diretor convidado é o santa-mariense, Paulo Nascimento.

Confira a programação e cobertura completa do Festival no site: www.smvc.org.br

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Ah! Se toda sexta-feira 13 fosse assim


Era sexta-feira 13, o mundo lá fora parecia desabar em meio a um vento forte que anunciava mais um temporal. Tudo colaborava para uma noite típica de horror, como sugere o dia cabalístico. Mas, para as mais de 200 pessoas que lotaram o Teatro Treze de Maio, o clima era exatamente o oposto. Beth Goulart e Clarice Lispector – já explico – fizeram daquela noite, extasiante para olhos, ouvidos e corações de todos os presentes.

Reflexivo e instigante, o espetáculo Simplesmente Eu, Clarice Lispector de direção, texto e interpretação – e que interpretação – da estonteante Beth Goulart trouxe ao palco algumas das tantas mulheres que habitavam a mente de Clarice. Através de falas emocionantes, e da intensa atuação de Beth, a peça reconstruiu diversos momentos da vida e obra da escritora.

Uma mulher apaixonada, a mãe de Deus, uma dona de casa, todas elas foram trazidas para muito perto do público que descobriu se identificar ainda mais com os textos de Clarisse, que de fato através de seu tom intimista falava de todos nós.

Bem mais que uma homenagem a escritora brasileira nascida na Ucrânia, o espetáculo trouxe nas personagens de Clarice todo o encanto e profundidade de sua obra. Contou com figurino e iluminação impecáveis também.

Ainda, no fechar da cortinas do teatro, Beth se postou frente a toda platéia e deu inicio a um bate-papo que foi muito além do espetáculo, falou da vida, do passado, do futuro e tudo mais que Clarice nos trouxe em seus textos.

Sem dúvida, uma sexta-feira 13, que ficará na memória não pelas crendices que rodeiam a data, mas pela noite especial que foi. Trouxe arte, leitura e reflexão para junto de todos aqueles que estiveram no teatro. Uma sexta-feira 13 diferente de todas, ainda bem.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

sobrevivemos há tanto tempo

Eu ando meio sem rumo, distante daquilo que eu era. A espera de um motivo, de uma explicação. Querendo voltar para um lugar seguro. Querendo encontrar aquela porta que há tanto andou fechada.

Ir para um tempo repetido, empoeirado. Algo que me sugira o passado ao contrário do inovador. Acho que já não tenho perspectivas. Talvez esperanças.
Queria então a leveza de um pijama rasgado, o sabor de um jazz ao pé do ouvido.

Nem desistir, nem recomeçar... Não quero mais sustentar o peso da existência, vou é recriar a significância. Olhar as rugas do tempo e não querer tapar.
Abandonar as teoria, os princípios, os escrúpulos. Puxar um banco, esticar as pernas e continuar...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

princesas



Essa semana assisti a um filme espanhol chamado “Princesas” de 2005, que dentre a ótima trilha sonora, típica das películas latinas, os diálogos puros e cheios de frases de efeito me tocaram a fundo.

O filme está longe de ser genial, mas se torna lindo por ser extremamente reflexivo e tratar com tamanha delicadeza um roteiro triste e cruel. Afinal de contas a vida daquelas mulheres, está mais perto da nossa realidade do que se imagina. Seus sonhos são tão normais.
O filme retrata a vida de Caye, uma mulher de classe média, que ganha a vida como prostituta, escondida da família. Passa os dias em um salão de beleza se arrumando para as longas noites e falando mal das imigrantes que roubaram seus clientes. Em certa circunstância, ela acaba conhecendo uma dessas "profissionais estrangeiras", a dominicana Zulema, com quem acaba desenvolvendo uma rara amizade.

As amigas dividem as angustias que a vida lhes proporciona. Preenchem uma a tarde da outra com cafés regados a desabafos que buscam aconchego e paz em algum lugar distante... em algum tempo futuro. São demonstrações de fragilidade interpretadas de uma maneira tão real que tocam no ponto mais fraco de quem está do outro lado da tela: o sentimento de identificação.

Caye comenta – aí atenção para os seus olhos em cada fala – de seus dias de puta e do grande dia que ela sonha em viver, o dia de princesa. E isso não envolve nenhum luxo, ela só queria que o namorado a buscasse no trabalho. Nisso se resumia sua felicidade.

Outro diálogo emocionante é quando Zulema fala das saudades que sente do filho que ficou no seu país de origem, e Caye fala da tristeza que é não sentir saudades. As amigas discorrem então como esse é um sentimento controverso: dói sentir saudades, mas dói mais ainda não sentir. A falta de saudade representa um vazio, como se não houvesse momentos bons a serem lembrados...

Enfim, tem mais mil passagens lindas. Vale muito a pena conhecer um pouco mais de Caye e Zulema. Com o decorrer da trama você vai entender o porquê do nome do filme. Elas sim são princesas...

Abaixo 5 Razones de Manu Chao, parte da trilha:

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

seja egoísta

Se eu pudesse lhe dar um conselho, meu amigo, diria: seja egoísta. É o único jeito de não pisarem em você. Fique certo!
Nunca tenha medo que lhe julguem por isso. Mas não deixe de jeito nenhum que pisem em você. Não abra mão de seu tempo, gosto ou interesse. Não faça se não for por você mesmo. Azar que reparem! Se você não for individualista, não vai andar com a humanidade. Se você não for, alguém vai ser. E mais uma vez vão pisar em você. Então peço que não deixe que façam isso. Os danos são difíceis de reparar, lhe digo. É algo que se torna crônico, cíclico, e só você demora a perceber. Não se arrisque a fazer o bem, outrora lhe farão o contrário. Saiba disso!
Não diga que não se importa, pois de fato importa sim. Com o tempo talvez você descubra e concorde comigo. Não faça de conta que não lhe fará falta, que o que importa é dividir. Pense nos outros, não estou lhe dizendo para esquecer. Aliás, quero sim que se lembre, para saber quem será o próximo a pisar em você. Não é uma questão de moral ou integridade, é uma questão de sobrevivência mesmo.

Por isso meu amigo, faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço...

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

meu tempo.

Ás vezes a vida nos prega umas que parece brincadeira do destino ou teste de conduta, como um empurrão para que se certifique que estamos de olhos abertos... Pois, talvez tenha sido um piscar de olhos prolongado, uma tentativa de vôo frustrada.

Me sinto em meio a uma cortina de fumaça, completamente vazia de credos e ideologias, é como se o tempo deixasse de existir em unidade e se tornasse meu melhor amigo. E assim eu quisesse dividi-lo com as pessoas mais importantes da minha vida, e compartilhar tudo que me faz melhor com os melhores.

Como se assim, nesses tropeços eu descobrisse o que de fato importa pra mim. Como num solavanco, a realidade retornasse para perto de meus princípios e o cortina se abrisse mais uma vez. Para que o tempo vá de novo comigo e com aqueles que realmente escolhi.

domingo, 13 de setembro de 2009

sábado, 12 de setembro de 2009

um dia a menos

Tenho que lhes dizer que hoje não me sinto muito bem. Temo decepcionar o leitor, mas acordei estranha, desconfortável, não queria ter acordado. Sair da cama foi algo tão doloroso quanto arrancar aquele curativo do meu joelho aos 11 anos. Era exatamente a mesma sensação como se a fita adesiva já fizesse parte de mim. Hoje, eram as cobertas.

Elas me imploravam que ficasse ali pelo resto do dia, ou talvez da vida. Pareciam me proteger de algo terrível que me esperava há metros lá fora. Cheguei a verificar minha temperatura. O apito do termômetro digital avisava, eu estava prestes a conhecer o motivo do meu desânimo. Não! Trinta e sete e dois! Perfeitamente saudável. Mas eu realmente não me sentia como sempre, era algo que vinha de dentro de mim, e que só não afetou minha temperatura corporal.

Após uma verdadeira guerra psicologia arranquei o curativo! Foi de uma vez só, mal pude reclamar da dor, tamanha minha agilidade (eu realmente sempre fui muito rápida com as mãos). Estava em pé agora, mas dessa vez, ao contrário da minha infância, sair da cama não me fez sentir nova. Aliás, me sentia perdida, diante do meu quarto e do mundo que me esperava lá fora.
Que que eu faço aqui?

Voltei pra cama e esperei o dia acabar...

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

instantes apagados

Foi assim que começou, de súbito e tristemente.
Ela não havia percebido, mas agora simplesmente não havia mais.
Ele se foi. Fatalmente partiu.
Aquela condição intacta teria então acabado.
Também em seu peito o tempo se desfez.

Que coisa triste, que manhã triste aquela.
Aonde ele fora? - se pergunta ela.
Sábia e fragilizada, pois o porquê não devia ser perguntado.
Protegida agora daquilo que se repete, sofre em dor calada e ausente.
Dilatavam-se então, infelizmente as lembranças de uma época perdida.
Como se fosse acabar agora e de vez.
Então ela sofreu e chorou , imitando o poeta.

Com o rosto úmido e salgado, foi assim que ele chegou.
No instante em que ela esqueceu enfim.
No momento, compulsivo pelo perdão.
Tomado pelo seu desdizer, ele foi ao chão, de joelhos aos pés dela.
Tarde demais, o pecado já o havia condenado.
Como por outras coisas e vezes, ele havia perdido sua eleita.

E reprimindo o seu pesar, ele não chorou.
Ela em pé continuou intocada.
E foi assim que terminou.
Ela mais uma vez mentiu, ele como de costume voltou.
E fatalmente ambos fingiram como numa história infantil.
Sabendo que não foi o fim de um conto apaixonado
Mas de um tempo de amor que já se foi.

nada comum

Numas dessas atividades mundanas como comprar sorvete no Mc, uma amiga descobriu algo a mais em mim. Não que eu não soubesse desse meu jeito, mas nunca tinha parado para pensar eu acho. E realmente foi inusitado, porque comecei a me questionar em uma série de valores.
“Ai Miti, como tu é atípica!”, disse ela.

ATÍPICO. Adj. Que se afasta do normal, do típico.

De fato. Quer algo mais anormal do que uma pessoa não gostar de coca-cola? Então, me revelo logo aí... e em muitas outras coisas.
Realmente meu gosto é duvidoso para muitos. Uso bolsas garimpadas a 20 reais, carteiras da minha avó e blusas listradas que minha mãe ia pôr fora. Deve ser por isso as expressões nada animadoras dela ao me dar opinião de roupa. “É Michelle, tu tem um estilo diferente”. Meu interesse pela arte também não é muito convencional, aliás, prefiro chamar de abrangente. Não que eu não goste do popular, pelo contrário só prefiro não me mostrar tão comum. Pois talvez não seja mesmo.

Assim repensei algumas atitudes minhas e certas emoções que não reconheço em muitas pessoas. E isso não me frustra nenhum pouco. Porque convencional ou não todos nós somamos de alguma forma. E o legal é se perceber nesse meio todo.
Que bom existe todos os tipos de gente...

terça-feira, 25 de agosto de 2009

de viver aos poucos.

Dia desses uma amiga ao me falar de outra que há pouco tempo passara por uma perda muito grande, citou a seguinte frase: “ela está vivendo os pouquinhos”. E isso me fez pensar. Não somente por eu ser uma pessoa reflexiva, pois de fato tudo me instiga o pensamento, mas pela frágil densidade que isso me representou.

Que seria viver aos poucos? Penso na dificuldade em ir de vagar quando tudo passa tão depressa por nós. Em tempos assim tudo parecer transcender um pouco ao real.

Essa amiga então que falávamos, perdeu recentemente a referência que todos temos de família. Perdeu talvez o chão que lhe mostrou tantas vezes a velocidade dos passos que devia dar. Perdeu para a morte, vivendo no ritmo que a vida lhe impôs viver.

Lembro-me agora de um dos títulos mais brilhantes da história do cinema: “A Insustentável Leveza do Ser“. Filme de Phillip Kaufman (1988) cuja trama pouco tem a ver com a história dessa amiga minha, no entanto ambos os protagonistas sentem suas angústias em meio a um turbilhão de vozes – ele na invasão soviética em 1968, ela na volatilidade de 2009 – ambos no âmago de suas existências.

Ela então optou por viver aos poucos, ele eu não lembro.
Mas que “viver aos poucos” signifique recomeçar, reerguer-se, colocar-se a postos de novo. Porque realmente correr com a vida é coisa perigosa. Trocam-se os pés, tropeça-se nas pedras e ela parece continuar passando. Deixando-nos cada vez mais mortais frente ao imediatismo da vida.

Vivamos aos pouquinhos então, vivamos mais longe quem sabe... Parece assim, mais fácil sermos de fato mais humanos.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

saudades...

Hoje acordei sentindo saudades de um lugar estranho, como se pessoas desconhecidas me fizessem falta. Sentia um cheiro que lembrava alguma coisa distante e me levava pra um tempo de nostalgias. Era como se em meu peito milhões de lembranças começassem a brotar. De um brinquedo velho, de um sabor misturado, de um abraço encaixado, das roupas de verão.

Talvez meu sono tenha se perdido por isso. Um desconforto, um descontento. Os lençóis pareciam revirados, o pijama me apertava como um grito contido. Era um sentimento latente, um sentimento que saía dos pensamentos mais do que do coração. Era uma sensação estranha, uma saudade de coisas que eu não vivi.

Acordei assim, em meio a um céu cinza e encoberto de melancolias.
Acordei assim, mesmo sem ter dormido.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

ando tão à flor da pele...

“Ando tão à flor da pele” que meus sentimentos parecem táteis e aveludados. Meus pensamentos mais acelerados e poluídos. Como o trânsito de automóveis na metrópole e das crianças pelo mundo.

Zeca Baleiro chegava a “chorar com um beijo de novela”... Minha intensidade não chega aí, aliás, pouco tenho visto novelas. Fico no meu mundo de idéias e formas pouco ajustadas para mim. Extravaso aqui e pisando firme no chão. Num livro aberto em cima da mesa ou num copo de cerveja.

“Ando tão à flor da pele” que sinto pulsão em meus instintos e minha vontade parece deixar a consciência se esconder em jargões. Minhas unhas vermelhas já não fazem mais sentido, nem minha prece por um desejo vazio e mal acabado.

“Ando tão à flor da pele” que meus olhos parecem não confiar mais em mim. A miséria já não me comove mais e a liquidez das relações me dá enjôo.Tenho chutado pedras na rua sem me importar com a direção.

“Ando tão à flor da pele” que perco o rumo por um segundo e meus ideais com a ventania nas ruas. Assisto patologias de um tempo passado a me perseguirem como se quisessem me avisar de alguma coisa. Como se fossem coletivas ao mundo todo. E interiores só a mim.

“Ando tão à flor da pele” que este momento parece nunca acabar.



"Ando tão à flor da pele que meu desejo se confunde com o vontade de não ser"

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Esquadros


Eu ando pelo mundo prestando atenção em cores que eu não sei o nome. Cores de Almodóvar, cores de Frida Khalo, cores. Passeio pelo escuro, eu presto muita atenção no que meu irmão ouve. E como uma segunda pele, um calo, uma casca, uma cápsula protetora. Eu quero chegar antes pra sinalizar o estar de cada coisa, filtrar seus graus. Eu ando pelo mundo divertindo gente chorando ao telefone, e vendo bater a fome nos meninos que tem fome.

Pela janela do quarto, pela janela do carro, pela janela. Quem é ela, quem é ela? Eu vejo tudo em quadrado, remoto controle.

Eu ando pelo mundo e os automóveis correm para quê? As crianças correm para onde? Transito entre dos lados, de um lado, eu gosto de opostos, exponho meu modo, me mostro, eu canto para quem?

Eu ando pelo mundo e meus amigos cadê, minha alegria, meu cansaço. Meu amor cadê você, eu acordei, não tem ninguém ao lado.

Adriana Calcanhoto

terça-feira, 28 de julho de 2009

Erasure - A Little Respect

está muito frio, dá preguiça de escrever aqui! haha

segunda-feira, 27 de julho de 2009

...

"Tinha suspirado.
Tinha beijado o papel devotamente.
Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades.
E o seu orgulho dilatado em seu calor amoroso que saía delas
Como um corpo ressequido que se estira num banho tépido
Sentia um acréscimo do estímulo por si mesma
E parecia-lhe que entrava enfim uma existência superiormente interessante
Onde cada hora tinha o seu intuito diferente
Cada passo conduzia um êxtase
E a alma se cobria de um luxo radioso de sensações."

Arnaldo Antunes

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Kramer vs. Kramer


Numa dessas tardes frias, que nada me tira de casa, o pote de pipoca e o cobertor foram minha companhia. Afinal nada melhor quando lá fora o sol não dá as caras e a temperatura é de um freezer. Na TV, Kramer vs. Kramer de Robert Benton me rendeu os olhos inchados para o resto do dia e uma sensação de ternura que eu desconhecia... Explicarei melhor:

Kramer vs. Kramer é um drama de 1979, vencedor de cinco Oscars: Melhor Filme; Melhor Diretor; Melhor Ator (Dustin Hoffman); Melhor Atriz Coadjuvante (Maryl Streep) e Melhor Roteiro Adaptado (da obra homônima de Avery Corman). Precisa dizer mais? Não, mas direi mesmo assim.

Joanna (Maryl Streep) cansada da vida que leva ao lado de Ted Kramer (Dustin Hoffman) resolve sair de casa, deixando o filho do casal, Billy (Justin Henry) com o pai. Ted que se preocupava somente com a carreira se vê dividido entre o trabalho, o cuidado com o filho e as tarefas domésticas. Aos poucos ele consegue conciliar as novas responsabilidades. É aí que Joanna reaparece exigindo a guarda da criança. Fascinado pelos encantos de ser pai, Ted se recusa e os dois vão para o tribunal lutar pela custódia do pequeno Billy.

Para os dias de hoje o tema pode parecer comum, banal. Mas o filme é de uma sensibilidade ímpar. E mais, para os anos 70-80 a relação familiar ali explorada é algo inovador.

Uma mãe abandonar tudo, casa e filho pequeno? O pai ter que desempenhar o papel de pai e mãe? Aparecer todo bobo? Perder o emprego para cuidar do filho? Essa relação de pai e filho era explorada de uma maneira diferente naquela época. Outro ponto inquestionável do filme são as atuações:

Dustin Hoffman sensacional, recém separado contribui muito para a naturalidade do roteiro; Maryl Streep, a gente nem se dá conta que ela aparece em pouquíssimo no filme! Vale pela cena do tribunal que a própria atriz improvisou o discurso; e claro o pequeno Justin Henry, lindo e fofo e como falam na linguagem cinematográfica, "nasceu pronto". Certamente uma das atuações infantis mais convincentes que já assisti.

Kramer vs. Kramer pode ser "mamão com açúcar", é comovente, porém não tão leve quanto parece. Benton torna o simples em fantástico. Quem achou um drama banal talvez não tenha a sensibilidade suficiente para tocar a essência do filme. Pois, tratar de forma tão pura as delicadas e conturbadas relações de família, não é algo tão fácil assim. Vale à pena assistir.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

A tristeza permitida

Se eu disser pra você que hoje acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver, mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que normalmente faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa, ir pro computador, sair para compras e reuniões — se eu disser que foi assim, o que você me diz?

Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem para sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como? Você vai dizer “te anima” e me recomendar um antidepressivo, ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer para eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui, velha de guerra.

Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera a tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa, que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra. A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro da nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido. Depressão é coisa muito mais séria, contínua e complexa.

Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou com si mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente — as razões têm e essa mania de serem discretas. “Eu não sei o que meu corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/ e não importa que mil raios partam/ qualquer sentido vago de razão/ eu ando tão down...”. Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. “Não quero te ver triste assim”, sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato.

Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar o seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinicius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia.

Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip hop, e nem por isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor — até que venha a próxima, normais que somos.

Martha Medeiros

Nós, mulheres


Nós, mulheres somos o aprimoramento da raça humana. Somos Eva, não Adão. E me perdoe o leitor XY, mas sim, somos o sexo forte! Afinal agüentamos uma barriga enorme durante nove meses e mesmo assim seguimos lindas e cheias de energia. Enquanto um simples resfriado deixa os “valentões” aí de cama por semanas.

E ainda se comenta que a testosterona deles é que comanda. Mas o fato é que por trás de um grande homem, sempre há uma grande mulher. Afinal gerenciamos a vida de muitos deles: filhos, maridos, irmãos, pais... Temos aquele instinto que é próprio e exclusivo do sexo feminino: somos acolhedoras, preocupadas, doces, carinhosas, mães. Verdadeiras ninjas.

Sabe-se bem que a beleza da mulher é algo aproximado a perfeição. Aquelas desenhadas e delicadas curvas... Saiba que elas seguram as pontas melhor que muito marmancho! Aliás, nossa fragilidade é muito mais um charme do que qualquer outra coisa.

Nós, mulheres vivemos apaixonadas, é verdade! Por aquele sapato da vitrina ou por aquela bolsa da fulana. Ainda nos apaixonamos mais outras mil vezes: pelo Roberto, Fernando, Gustavo... mas esse seres menos evoluídos, não despertam tanto sofrimento assim. Já aquele vestido que manchou de vinho... Esse sim merece nossa dor.

Nós, mulheres fazemos amor sim. E sabemos fingir, é óbvio. Ah, também se engana o homem que acha que mulher não gosta de sexo casual. Esse coitado é só mais um que não sabe nada de nós.
Nós, mulheres choramos, muito. A TPM realmente transforma a gente. E acredite, a novela das oito pode ser algo muito triste.

Ao contrário dos homens que dizem que toda mulher deveria vir com manual de instruções e que é mais fácil ganhar na mega-sena do que entender uma mente feminina. Nós, mulheres não nos esforçamos para entender o sexo oposto.

Por mais escabeladas que fiquemos se ele não ligar no dia seguinte ou se do nada aparecer com outra bem mais nova, sabemos que este era outro que não valeria a pena.

Porque nós mulheres damos conta do recado sempre!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

dia mundial do rock

Elvis
Chuck Berry
Beatles
David Bowie
Stones
Janis
Bob Dylan
Doors
Creedence
AC/DC
Pink Floyd
Mutantes
Ramones
Secos e Molhados
Jimmy Hendrix
Black Sabbath
Led
KISS
The Who
Raul
Neil Young
Oasis
Pearl Jam
Engenheiros
Yggi Pop
Nirvana
Ira!
Strokes

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Hoje é dia de todos os rocks. Treze de julho, dia mundial do rock'n'roll!



quarta-feira, 1 de julho de 2009

judeu errante

Hei de seguir eternamente a estrada
Que há tanto tempo venho já seguindo
Sem me importar com a noite que vem vindo
Como uma pavorosa alma penada
Sem fé na redenção, sem crença em nada
Fugitivo que a dor vem perseguindo
Busco eu também a paz onde, sorrindo
Será também minha alma uma alvorada
Onde é ela? Talvez nem mesmo exista...
Ninguém sabe onde fica... Certo, dista
Muitas e muitas léguas de caminho...
Não importa. O que importa é ir em fora
Pela ilusão de procurar a aurora
Sofrendo a dor de caminhar sozinho

Vinicius de Moraes

terça-feira, 30 de junho de 2009

feliz aniversário mami querida!


Eu gosto tanto de escrever sobre as pessoas e nunca senti muita dificuldade nisso. Para mim funciona como um exercício de redação em que eu posso colocar toda minha subjetividade. Escrever com coração.

Da minha mãe eu só havia escrito em pequenos cartões, dia das mães, natal, páscoa etc. Coisa de colégio mesmo.

Agora sentei aqui na vontade de escrever sobre ela - que é maior que o mundo para mim - e me deu aquela insegurança. Como se eu não tivesse material suficiente para produzir o texto da minha vida. Que coisa!

Eu poderia tentar definir a palavra mãe, mas acredite, é algo muito mais complicado e bonito que isso! Na verdade eu a chamo assim (entre outros apelidos carinhosos), mais por uma questão normativa do que por expressividade própria.

Acho que nem eu, nem a pessoa ou coisa ou entidade ou instituição que inventou o termo "mãe" conseguiríamos tornar palavra, o que de fato ela significa e representa para mim. Acho que nem mesmo o poeta que tanto fala e parece entender de amor, seria capaz de me ajudar nessa tarefa.

Eu poderia dizer que ela é minha referência para qualquer percepção de mundo, para qualquer sentimento que eu possa nutrir. Que eu vejo tudo, um pouco através dos olhos dela, e que para mim eles são os sinceros que existem.

Poderia dizer que eu aprendi a abraçar alguém estando em seu colo, e aprendi o valor de tudo isso depois vê-la chorar. E que fique claro que eu detesto assistir ao seu choro, que seria capaz de poupar meu riso e sentir minha lágrima para que a dela fique guardada. E o seu riso garantido.

Eu poderia dizer que não existe alguém em quem eu confie mais, que não existe alguém que me desperte tanto, entre outros instintos, o de proteção absoluta. Porque embora ela seja a fortaleza que me estabiliza, também representa para mim, toda a fragilidade de algo raro que deveria ser intocado.

Eu poderia também falar da relação consangüínea, que agrega os laços de família e eternidade. Falar dos cuidados que ele me dedicou nos nove meses de gestação e continua dedicando em vinte e um anos de vida.
Eu poderia falar de amizade, pois de fato ela é minha melhor amiga. Falar da certeza de um carinho retribuído, de uma cumplicidade infinita.

Enfim, minha mãe - na falta de adjetivos superiores: aquela que é de ofício e de fato, de sangue e de coração. E assim sempre vai ser.

O amor primeiro dos amores para mim.
Feliz aniversário! As coisas boas aquelas, ela conquista sem que eu deseje, pois se Deus não der á ela paz, saúde, felicidade e sucesso. Ninguém mais receberá.

Mãe, te amo! E isso não é tudo.

* Um Bee Gees de presente, já que ele adora!

segunda-feira, 29 de junho de 2009

abra a porta

da leveza da paixão

Oscar Wilde realmente sabia muito da gente: “É um absurdo dividir as pessoas entre boas e más, as pessoas são ou interessantes ou entediantes”.

Sabe, eu vivo me apaixonando, acho mesmo que eu sou do tipo que ama fácil. Aliás, eu amo tanta gente. Mas não morro de amores não. Apenas sou apaixonada mesmo. Acho que é porque não idealizo o amor, nem mesmo tento achar explicações ou definições para ele.

Pensando bem, eu não me preocupo em amar ou deixar de amar, não escolho momentos, nem pessoas. Basta que alguém mobilize algo aqui dentro. Um sentimento novo quem sabe, não importa... É só observar aquela pessoa e saber que ela tem algo a me dar. Que de alguma forma ela desperta sensações em mim, e questionamentos sobre o mundo. Pessoas interessantes, que valham à pena, e que seduzem sem notar.

Quero perto de mim alguém que me some algo, que, por favor, me faça pensar! Quero que venha de encontro a mim, e confronto ao que eu era antes. Que me torne nova e diferente, e que me permita deixa de amar também. Porque eu não quero só uma, afinal eu vivo me apaixonando. E todas elas me encantam.

Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo


V.M.

domingo, 28 de junho de 2009

do amor dos amores

Era cedo resolvi falar de amor, pensar no amor... "ter amor e dar amor e receber amor até não poder mais ", tal como Vinicius mandou. Permitir dizer amor e amar amor. E saber do que o amor não é feito, e quem sabe descobrir o que faz dele tão intacto e estranho. E perfeito. E assim amar como antes e depois de novo. E continuar. Saber, que tudo que sente não cabe num eu "te amo". E que um abraço sempre deve ser superstimado e a necessidade de guardar aquele momento! E saber também que a simples sensação da "ponta de um torturante band-aid no calcanhar" fez a Elis dançar dois pra lá dois pra cá, amando cada passo da dor. E então falar de amor e querer amor e não cansar. Como algo plástico e delicado que ás vezes não se deixa ver. E falar sem complicar, e se permitir seguir a sentir tudo que é dele inato. E ser amor sempre que puder e mesmo quando não quiser, perceber no vento, na carta ou na flor que tudo é um pouco de amor e a gente não se faz notar. E esquecer de procurar porque tudo do amor é um pouco daquilo e daquele que te fez chorar ou te fez sorrir ou te fez lembrar... Que tudo que se sente um pouco, é amor, e tudo que se sente muito, é amor. E mesmo tudo que se pensa sentir, é amor. E então falar de amor, e ser amor cantando, dançando, escrevendo, sentido. Amando amar.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

segunda-feira, 22 de junho de 2009

FETISM movimenta a cena cultural de Santa Maria



Terminou ontem o 2° Festival de Teatro Independente de Santa Maria – FETISM. Desde o dia 16 de junho o Espaço Cultural Victorio Faccin, nosso querido TUI foi palco de uma verdadeira maratona teatral, que propôs a tarefa de realizar e refletir o teatro.
Na competição deste ano seis espetáculos estavam na disputa:

Os Sobreviventes (Atoum, de Santa Maria)
O Homem da Flor na Boca (Grupo Trocadilho, de Santa Maria)
Dorotéia (Cia. Retalhos de Teatro, de Santa Maria)
Uma Estória Abensonhada (Teatro Camaleão, de Santa Maria)
Inspetor Geral (Grupo de Teatro da Unijuí, de Ijuí)
A Cabeleireira (Hendÿ, de Dourados, Mato Grosso do Sul)


Uma Estória Abesonhada foi a grande campeã desta edição, levando o prêmio de incentivo cultural no valor de R$500. O espetáculo veceu oito das doze categorias, dentre elas as principais: Melhor espetáculo júri técnico e Melhor espetáculo voto popular.

A programação também contou com oficinas, saraus literários, rodas de discussão, projeções cinematográfica e um espatáculo de rua. Umas das atrações que eu tive o prazer de conferir foi o show que rolou no Zeppelin na última terça. Mauro Buzza (foto), da Bandinha di-dá-dó de Porto Alegre. "Um artista em crise de identidade e crise financeira" como ele mesmo definiu.

Uma apresentação de encher os ouvidos e olhos. A irreverência e o carisma do homem-banda contagiaram a todos, que juntos com de seus vários - e inusitados - instrumentos, seguiam as batidas. Um som empolgante, performático, bandinha mesmo! A magia da arte circense musicada.

Então vida longa ao FETISM e demais festivais independentes da cidade! Que a cultura seja aquecida por iniciativas como esta que proporcionam a integração das práticas artísticas aos olhos da comunidade.

jornalistas unidos


QUARTA-FEIRA (24/06) MANIFESTAÇÃO EM PORTO-ALEGRE ÁS 12H NA ESQUINA DEMOCRÁTICA!

TEXTO RETIRADO DO SITE DA FENAJ - FEDERAÇÃO NACIONAL DE JORNALISTAS

Perplexos e indignados os jornalistas brasileiros enfrentam neste momento uma das piores situações da história da profissão no Brasil. Contrariando todas as expectativas da categoria e a opinião de grande parte da sociedade, o Supremo Tribunal Federal (STF), por maioria, acatou, nesta quarta-feira (17/6), o voto do ministro Gilmar Mendes considerando inconstitucional o inciso V do art. 4º do Decreto-Lei 972 de 1969 que fixava a exigência do diploma de curso superior para o exercício da profissão de jornalista. Outros sete ministros acompanharam o voto do relator. Perde a categoria dos jornalistas e perdem também os 180 milhões de brasileiros, que não podem prescindir da informação de qualidade para o exercício de sua cidadania.

A decisão é um retrocesso institucional e acentua um vergonhoso atrelamento das recentes posições do STF aos interesses da elite brasileira e, neste caso em especial, ao baronato que controla os meios de comunicação do país. A sanha desregulamentadora que tem pontuado as manifestações dos ministros da mais alta corte do país consolida o cenário dos sonhos das empresas de mídia e ameaça as bases da própria democracia brasileira. Ao contrário do que querem fazer crer, a desregulamentação total das atividades de imprensa no Brasil não atende aos princípios da liberdade de expressão e de imprensa consignados na Constituição brasileira nem aos interesses da sociedade. A desregulamentação da profissão de jornalista é, na verdade, uma ameaça a esses princípios e, inequivocamente, uma ameaça a outras profissões regulamentadas que poderão passar pelo mesmo ataque, agora perpetrado contra os jornalistas.

O voto do STF humilha a memória de gerações de jornalistas profissionais e, irresponsavelmente, revoga uma conquista social de mais de 40 anos. Em sua lamentável manifestação, Gilmar Mendes defende transferir exclusivamente aos patrões a condição de definir critérios de acesso à profissão. Desrespeitosamente, joga por terra a tradição ocidental que consolidou a formação de profissionais que prestam relevantes serviços sociais por meio de um curso superior.

O presidente-relator e os demais magistrados, de modo geral, demonstraram não ter conhecimento suficiente para tomar decisão de tamanha repercussão social. Sem saber o que é o jornalismo, mais uma vez – como fizeram no julgamento da Lei de Imprensa – confundiram liberdade de expressão e de imprensa e direito de opinião com o exercício de uma atividade profissional especializada, que exige sólidos conhecimentos teóricos e técnicos, além de formação humana e ética.

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), como entidade de representação máxima dos jornalistas brasileiros, esclarece que a decisão do STF eliminou a exigência do diploma para o acesso à profissão, mas que permanecem inalterados os demais dispositivos da regulamentação da profissão. Dessa forma, o registro profissional continua sendo condição de acesso à profissão e o Ministério do Trabalho e Emprego deve seguir registrando os jornalistas, diplomados ou não.

Igualmente, a FENAJ esclarece que a profissão de jornalista está consolidada não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. No caso brasileiro, a categoria mantém suas conquistas históricas, como os pisos salariais, a jornada diferenciada de cinco horas e a criação dos cursos superiores de jornalismo. Em que pese o duro golpe na educação superior, os cursos de jornalismo vão seguir capacitando os futuros profissionais e, certamente, continuarão a ser a porta de entrada na profissão para a grande maioria dos jovens brasileiros que sonham em se tornar jornalistas.

A FENAJ assume o compromisso público de seguir lutando em defesa da regulamentação da profissão e da qualificação do jornalismo. Assegura a todos os jornalistas em atuação no Brasil que tomará todas as medidas possíveis para rechaçar os ataques e iniciativas de desqualificar a profissão, impor a precarização das relações de trabalho e ampliar o arrocho salarial existente.

Neste momento crítico, a FENAJ conclama toda a categoria a mobilizar-se em torno dos Sindicatos. Somente a nossa organização coletiva, dentro das entidades sindicais, pode fazer frente à ofensiva do patronato e seus aliados contra o jornalismo e os jornalistas. Também conclama os demais segmentos profissionais e toda a sociedade, em especial os estudantes de jornalismo, a intensificarem o apoio e a participação na luta pela valorização da profissão de jornalista.

Somos 80 mil jornalistas brasileiros. Milhares de profissionais que, somente através da formação, da regulamentação, da valorização do seu trabalho, conseguirão garantir dignidade para sua profissão e qualidade, interesse público, responsabilidade e ética para o jornalismo.

Para o bem do Jornalismo e da democracia, vamos reagir a mais este golpe!

das coisas do coração e do mundo

É incrível a vontade e dificuldade de falar das sentimentalidades aquelas de todos os dias. Como se fossem inatas de uma condição humana, como se fossem coletivas ao mundo todo. E interiores só a mim...

Segunda-feira tanto pra ler e gritar e pouca expressividade pra tudo isso. É sentimento demais, sensações demais. Definição de menos, porquês fazendo falta. Como se o reduto das emoções se fechasse agora em mim e eu não soubesse desabrochar.

Então deixo todas essas coisas aqui, no mundo e no meu coração. Falo delas quando puder e nem sequer me permito entender. Pois não valeria o esforço de dizer que é simples assim. Mas quando você ler, talvez perceba que assim como eu, um dia também sentiu e não soube explicar.

leia e reflita


Escrita de forma brilhante pelo socialista declarado George Orwell, “A Revolução dos Bichos” foi publicada em 1945, tendo de esperar pelo fim da Segunda Guerra Mundial. Extremamente cínica e inquietante, a obra trata das relações de poder na sociedade e deixa qualquer leitor intimidado com sua audácia e senso de realidade.

A fábula se passa na Granja do Solar, onde os animais estão cansados da dominação dos humanos que ganham dinheiro ás custas de seu trabalho. Contagiados pelos versos de “Bichos da Inglaterra” cantada por Major – porco admirado por todos na granja – os bichos resolvem instaurar uma revolução logo após a sua morte. Essa revolução colocaria os animais no comando estabelecendo uma relação de absoluta igualdade entre todos.

Sob a liderança dos porcos, os animais mais inteligentes, tudo ia bem na Granja. Os bichos seguiam os mandamentos e tradições do “animalismo” - espécie de seita criada pelos bichos. E assim cantavam, reverenciavam aos companheiros já mortos, cumpriam longas jornadas de trabalho. Sempre sob a fiscalização dos porcos. Estranhamente os mandamentos da seita, que ficavam escritos na parede da granja sofriam alterações constantes, e como a maioria dos animais não sabia ler, logo eram convencidos pelos porcos de que estavam enganados.

Em pouco tempo os porcos assumem o controle total da comunidade, passam a comerciar a produção da granja, a residir na casa do antigo patrão, onde dormem em camas, usam roupas, bebem uísque, se relacionam com homens. Mas qual eram mesmo os princípios norteadores da revolução?

Genialmente construída por Orwell “A Revolução dos Bichos” representa uma forte crítica ao sistema político da época. Personificando em animais os diferentes seguimentos da sociedade.

Ao longo da obra sentimos esta proximidade. Nas relações dos animais se misturam (des)valores próprios de um sistema social corrompido. E como não poderia ser diferente, o desfecho da fábula é muito mais que revelador, deixa o leitor extasiado com tanto realismo:
“(...) mas já era impossível distinguir quem era homem, quem era porco.”

“A Revolução dos Bichos” é contemporânea e sempre vai ser, é daquelas obras que deixa o leitor confuso com tamanha genialidade. Orwell realmente surpreende.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

let's talk about music

Depois de anos sem pisar por aqui (os motivos vocês descobrem em postagens futuras), resolvi falar de música. Aliás, falar de sons que tenho ouvido MUITO e que talvez seja novidade para alguns!

Primeiro: MGMT - dupla de nova-iorquinos estilosos, fazem um rockzinho indie que fica na cabeça e faz a gente bater o pé. Tem uma pegada eletrônica muito boa, há tempos não ouvia um sonzinho tão empolgante! Provavelmente tu já ouviu "Eletric Feel" ou "Time to Pretend" do único álbum dos caras "Oracular Spectacuar" senão, por favor ouça!


Segundo: Phoenix - vindos da França, cantam em inglês. Embora pouco conhecidos no Brasil, os caras têm longa data na cena independente francesa. A banda tem uma pegada meio pop mas o rock está ali, principalmente os 70's e 80's. Sonzinho pra deixar de fundo e ir curtir no balancinho, mas também têm músicas que o groove agita. Aí "Lisztomania" do último álbum, Wolfgang Amadeus, recém lançado:



Terceiro: Kate Nash - sim, eu sei que tu conhece mas precisava registrar aqui. Tem um tempo já que eu conheço, mas fato é que desde então não passo um dia sem ouvir o álbum inteiro ou quase. Para quem não conhece a inglesa tem apenas 21 anos e tem um álbum todo autoral. Numa levadinha a la Regina Spektor e Lily Allen (quem a lançou ao showbisness) Kate impolga seja no violão ou ao piano, e pra mim aquela voz é folk, não adianta!


Quarto e último: Beirut - ok, também conhece né?! Sim, são os caras que cantam "Elephant Gun", mas deixa eu falar porque eles merecem! A mistura dos EUA com o México deu a fusão perfeita do folk com o rock. O trompete e o ukelele (espécie de "violão arcaíco", bizarro! É menor e com menos cordas, mas faz um baita som) são a marca registrada da banda, que é melancólica na medida certa.
Ouviu os trompetes e a voz segura mas que a faz a gente relaxar de Zach Condon, já sabe, é Beirut! É foda!



Infelizmente não consegui postar védeo de todos, o youtube anda de poucos amigos ultimamente. Mas tudo que eu falei aqui, baixa-se na comunidade Discografias (o retorno) do orkut, que diga-se de passagem: faz meus dias mais felizes!

Enjoy!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

nerds com muito orgulho!



Se você é um nerd, PARABÉNS, hoje é o seu dia! Vinte e cinco de maio, dia do "Orgulho Nerd".

Vê se eu posso! Mas que troço é esse?

NERD:
aquele que possui fascínio por conhecimento ou tecnologia e passa horas lendo, estudando sobre o assunto. Estigmatizados como solitário, tímido e desajeitado.
GEEK: é um nerd mais descolado, apaixonados por eletrônicos e tecnologia, porém se dizem mais sociáveis.

Ok!

Regatando um pouco de Maffesoli (sociólogo francês) que trabalha com uma sociologia atual, mais cotidiana, das ruas - digamos assim. Ele desenvolveu o conceito de "tribos urbanas" que seriam grupos que se formam geralmente nas metrópoles. Pessoas com gostos, hábitos e interesses comuns que se reúnem para realizar trocas de experiências e perpetuar o culto a determinada coisa, determinada corrente. Usam roupas características e partilham idéias entre sim, desenvolvendo redes de afinidades.

Um exemplo: os nerds ou geeks!

Logo, como fica difícil reconhecer uma tribo urbana sem padrões e estereótipos, a imagem que - calculo eu - todos tenham dos nerds/geeks (sem depreciações) é daquele sujeito estranho e assustado. Recluso dos demais, que usa óculos e roupas formais meio bizarras e tem sempre um livro de baixo do braço. E usa bombinhas pra asma (...) hahahha. Tipo esse carinha da foto (FONTE: www.monodam.com).

Que horror! Se algum antropólogo ler isso, me mata! Mas enfim, relativizando agora: você que é um nerd e tem orgulho disso, seja feliz e aproveite seu dia!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Da certeza de ter um amigo

Amizade: s.f. Simpatia, estima, afeição independente do amor sexual e da família.

Hoje eu tive uma imagem muito pura de amizade que me fez ir atrás do significado da palavra. Duvido que você já não tenha observado uma vez se quer o mesmo que eu: a lealdade entre um cão e um mendigo.

O homem ia à frente meio sem rumo. Seguindo seus passos, quase como numa marcha, o cachorrinho (daqueles vira-latas mais queridos) o acompanhava de perto. Parecendo um cão de guarda, embora seu corpo franzino e seu rabinho serelepe não inspirassem muito medo.

Mais adiante, no banco da praça, o cachorro encontra um resto de comida e num gesto de aviso, pula no seu comandante, de forma a mostrar o seu achado. O mendigo na hora se vira e corre em direção ao alimento do dia. Sentados lado a lado, um no banco e outro no chão, dividiam cada pedaço do sanduíche velho. Embora as posições definam os personagens, suas feições e trejeitos me fizeram confundir, tamanha similaridade e sintonia de seus corpos.
Um sabia da importância daquilo para o outro, e assim, matavam muito pouco da fome sem reclamar. A preocupação era mútua, em seus olhos sinceros.

Quem ali é de dono de quem? Quem depende de quem? O mendigo e o cão, companheiros da vida. Não tinham ninguém, agora têm um ao outro. Um sentimento terno e descomedido de julgamentos. Sentimento daqueles que dividem as mazelas da rua, e juntos confortam o frio, a carência e a solidão.

Afinal quem mais acolheria aquele pobre homem? Um maltrapilho, cheirando mal. E aquele cachorro sujo? De pêlo enosado, cheio de pulgas.
As condições unem os dois amigos, quase por necessidade. E a necessidade faz nascer no coração um afeto de resistência a pobreza do mundo exterior. Já o interior destes, é rico em carinho e nobreza, pois tem um ao outro. E ninguém duvida disso.

Veja você

Veja você, já não somos mais.
Como a folha que ainda não caiu do galho.
Enquanto todas outras a esperam no chão,
Seguras ao solo e juntas no calor.
Como a folha que estremece
Com o vento que sou.
Veja você, a árvore continua lá
E os seus sonhos já não existem mais.
Como o despejo de uma vida inteira,
Que você deixou cair.
Não mais vê a folha presa ao alto,
Não mais ouve o som do vento a bater.
Veja você, já não somos mais,
Há muito tempo a folha secou.

Sobre jornalismo, Beatles e sonhos


A reportagem dos meus sonhos: BEATLES NO BRASIL. Sim! Amor e admiração que compartilho com muitos pelo planeta. Amor dedicado a história da maior banda de rock de todos os tempos.

Eram eles, aqueles meninos de Liverpool que encantavam multidões e revolucionavam o mundo da música (e outros tantos mundos) nos anos 60: McCartney, Lennon, George e Ringo com roupas e cortes de cabelo peculiares, e fortes posições políticas e sociais. Eram seguidos pela maioria dos jovens da época – e por muitos até hoje.

A reportagem seria a cobertura do show do "Fab Four" (quarteto fabuloso) em território brasileiro. Sendo retratado a partir de meus olhos atentos de jornalista, olhos fascinados de fã incondicional.

Era maio de 1968. Protestos e questionamentos quanto a norma vigente eclodiam na França, e como as vozes que vinham das ruas, o espírito contestador se espelhava por países do mundo todo. No Brasil, protestos estudantis contra a ditadura militar começavam a movimentar os ânimos e instigar uma nova consciência.

Abertura do espetáculo, Maracanã lotado, mais de 80 mil pessoas fazendo coro com a dupla Lennon-McCartney: “Helter Skelter” foi a primeira. E assim, em duas horas e meia de música, passando por “Michelle” (é claro), o show antológico é encerrado com a clássica balada, “Let It Be”. Ovacionados, os gênios do rock saem de cena, sob gritos e choros dos milhares presentes.

Sessenta e oito, ano de agitação política, contestações sociais e espírito transformador pelo planeta. Sessenta e oito, ano de liberdade ameaçada, ano de AI-5 e também do período mais criativo da vida cultural brasileira. Sessenta e oito, ano de música com forma e conteúdo, de idéias fervendo e vontade de se expressar. Sessenta e oito, ano de Beatles no Brasil, o ano que eu gostaria de ter vivido.


- texto para Zero Hora: "a reportagem que eu gostaria de ter feito"

terça-feira, 12 de maio de 2009

"meu limão, meu limoeiro, meu pé de jacarandá"

Cantava Wilson Simonal...

Um artista brasileiro de história intrigante, passagem rápida pela memória do país, porém de música transcendente e talento debochado. Um samba que eu qualificaria de pop – sem ser banal.

Conheci sua música há pouquíssimo tempo através de uma amiga. E posso afirmar o quanto é difícil conseguir material do cantor.

Bom, mas a novidade, a boa notícia é que saiu um documentário sobre a vida de Simonal, tentando desmistificar um pouco deste personagem renegado pelo cenário da música popular brasileira.

"Ninguém Sabe o Duro que Dei", é um filme de Claudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal e conta com depoimentos de gente como Nélson Motta, Chico Anisio, Max de Castro, Simoninha, Ziraldo, Jaguar, Toni Tornado e Pelé.

A história de “Simona” versa pouco sobre música e muito sobre tumulto e confusão. Em 1971 foi acusado de ser informante do Dops (Departamento de Ordem Política e Social), que torturava possíveis adversários da ditadura militar. E desde então pagou pela fama de dedo-duro e traidor. Fama esta que acompanhou Simonal até o fim da carreira e da vida:

"Eu não existo na história da música brasileira", queixava-se à sua mulher, Sandra Cerqueiraque que acompanhou seu fim. Simonal faleceu em 2000, alcoolatra e armagurado.

O documentário traz também os anos felizes do artista, em 60 e 70 com seus momentos de glória e de música (muito) boa! A estréia nacional está marcada para o próximo dia 15.

Aí, um vídeo com trechos do documentário:

aos meus amigos

Acho que traduz bem meu dia, que o diga a minha terapeuta! haha...

Vera Loca

Hoje já não somos mais tão magros, nossa memória não é mais a mesma;
Nosso forte nunca foi a beleza, isso nunca foi problema, eu tenho certeza.
Orgulhosamente seguimos bêbados, orgulhosamente seguimos sonhando!
Que seremos eternos , nossos filhos serão os jovens e nós os modernos.
Quem inventou a razão a emoção desconhece, criamos a falsa impressão que só corpo que cresce.
Sofremos juntos com a dor dos amigos.
A amizade é maior do que tudo, já diziam os antigos!

domingo, 10 de maio de 2009

penso, logo estou em crise.

Tava lendo a Semana agora pouco e a matéria de capa é algo assim: “Eles têm entre 25 e 30 anos e não sabem o que fazer da vida: jovens têm mais dinheiro, liberdade e cultura do que gerações anteriores e não sabem o que fazer com isso”. Coincidentemente ou não, antes eu estava fazendo o que? Reclamando da vida! Ando numa fase terrível, me sinto inútil, desocupada, totalmente sem serventia e sem perspectiva. A vida afetiva então... melhor não comentar. Sintetizando: fase daquelas de sentir inveja da própria irmã. Sim, sou mulher, sou invejosa (...) pronto, fim de assunto.

Mas, falando da matéria, a tal pesquisa denominada a the quarterlife crisis (a crise de um quarto de vida) parece realmente fundamentada. (vide... EU). Pena eu não tê-la em mãos agora – e saliento, não estou tentando fazer jornalismo não. Essa aqui estaria mais para a sessão de desabafo do blog.
Enfim, não me enquadro na faixa etária da pesquisa, tenho 21, mas sim me sinto mais uma jovem do século 21 que não sabe o que fazer com sua liberdade – como diria meu pai. Ainda não achei minha função, nem meu espaço no mundo atual.

Falam de nova padrão de sociedade e estrutura familiar, eu não desconsidero é claro. Sei bem o que a minha amiga sociologia diz sobre tudo isso. No entanto minha outra amiga, Martha Madeiros em seu texto á Zero Hora de hoje nos trouxe uma teoria bem mais simplista (como se fosse difícil ser mais simples que os sociólogos).

Nessa de dia das mães (Mãe, te amo!) e maternidade, Martha escreveu para seu sobrinho que nasceu hoje, apresentando ao Rafa o mundo aqui de fora. Entre dicas e conselhos, com aquela narrativa que nos faz bem ao ego, a escritora falou das muitas escolhas que ele terá de fazer ao longo de seus anos.
E procurando privar o Rafa de ser um desses jovens em crise, mandou: quem pensa muito, não vive.

O jovem de hoje, de classe média, pensa demais. Temos tempo para isso. Temos muitas opções e direitos. O que não sabemos é que o tempo continua o mesmo da época de nossos pais e avós. Este passa como sempre passou e nós e nossas dúvidas vamos ficando para trás. Assistindo ao tempo passar. Levando nossos sonhos e nos deixando essa impotencialidade de não saber o que fazer.

Na mesma reportagem essa, um pesquisador cita jovens que “se dedicam” a noitadas regadas a álcool, drogas e sexo casual tentando achar um sentido para vida. E lembra o quanto é falho este método. Pois, mais uma vez o tempo passa.

Não que este seja meu caso, não achei minha teoria ainda, mas já devo ter feito algumas escolhas erradas. Afinal qual é o sentido da vida de cada um? Por que em tempos tão rarefeitos, tão líquidos (aqui falo de meu amigo Bauman e sua teoria da liquidez) é tão difícil encontramos a felicidade? Onde tudo é tão volátil e aparentemente descomplicado, complicamos com que? Qual o nosso ideal de felicidade?

Sim, definitivamente pensamos demais!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Um encontro com o poeta canalha

Fabrício Carpinejar esteve na Feira do Livro de Santa Maria. E quem não pode ir a Praça Saldanha Marinho no último sábado, definitivamente perdeu de conhecer a figura.
No espaço conduzido pelos professores Luciano* e Denise*, Carpinejar fez muito mais do que falar de literatura, deu um show de autenticidade e simpatia.

Irreverente como de costume, usava roupas chamativas e distribuía óculos e perucas aos entrevistadores. Durante uma hora e meia que esteve no palco o escritor falou da infância, de comportamento feminino, de suas fragilidades e relacionamentos. Carpinejar conquistou todos que assistiam quando recitou a poesia Canalha! interagindo e caminhando entre o público.

Nascido em Caxias do Sul, o poeta, jornalista, cronista (e showman) tem 13 livros publicados. Entre seus trabalhos mais reconhecidos estão Cinco Marias e Caixa de Sapatos que lhe deu notoriedade nacional em 2003.

Ainda no mesmo palco da Feira passou gente como Rui Carlos Ostermann e Duca Leindecker.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

enfim alguém falou...

Recebi este vídeo por e-mail e não pude deixar de postar:

A "farra das passagens aéreas" no Congresso por Luiz Carlos Prates, da RBS TV Santa Catarina. O jornalista falou no ar, no último dia 20, o que muitos gostariam se tivessem coragem!


segunda-feira, 27 de abril de 2009

Anna Akhmatova - Antologia Poética

Anna Andreevna Gorenko (1889 - 1966), pseudônimo: Anna Akmatova. Começa a escrever aos 11 anos, escondida do pai. Torna-se então um dos grandes nome da poesia moderna russa.

De liguagam simples e clara, sua poesia é extremamente humana. Fala com naturalidade dos sentimentos dela. Tem tom intisma e confessional. Foi a primeira mulher russa a escrever de modo feminino, sem se preocupar com isso. Entre suas criações mais famosas estão "Requiem" e "Poema Sem Herói".

A obra de Anna Akmatova foi traduzida e organizada pelo jornalista mineiro Lauro Machado Coelho. Com poesias selecionadas de 1912 a 1964 o livro Antologia Poética foi lançado recentemente pela coleção L&PM Pocket.
Na maioria das livrarias, esse tesouro para os apreciadores de poesia, sai por R$13,50.

Vale a pena conferir!

Abaixo segue um trecho da entrevista de Lauro Machado Coelho cedida a editora (www.lpm.com.br):

L&PM Editores – Como surgiu o seu interesse pela vida e pela obra de Anna Akhmátova?
Lauro Machado Coelho – Eu tinha dezoito anos em 1962, quando encontrei os primeiros poemas de Akhmátova em uma edição bilíngüe da Editorial Progresso, La Poesía Soviética Rusa, traduzida pelo poeta chileno Nicanor Parra, o irmão da cantora Violeta Parra. A força de seus poemas, de uma dicção muito especial, a integridade daquela mulher – na época ainda viva – que enfrentou as piores pressões e humilhações sem se deixar quebrar, fez com que eu me apaixonasse instantaneamente por ela. Amor à primeira vista. Namoro para a vida inteira. Akhmátova viu o fim do regime imperial – ela tinha 28 anos na época da Revolução – sobreviveu aos horrores do stalinismo, e morreu em 1966, convertida em um verdadeiro monumento de sua época. O Destino tem um senso de humor muito peculiar. Ela morreu em 5 de março, o mesmo dia em que, treze anos antes, morrera Iósif Stálin, do qual ela triunfou.

L&PM Editores – Qual a importância da poesia de Anna Akhmátova?
Lauro Machado Coelho – A sua profunda humanidade. A capacidade que ela tem de falar de seus próprios sentimentos de uma forma tão universalizante que qualquer indivíduo pode identificar-se com ela. Akhmátova é a primeira poeta russa que não tenta rivalizar com os homens dentro de seu terreno. A sua é uma típica poesia de mulher. Mas escrita de tal maneira, que um homem pode perfeitamente compreender e sentir a intensidade do que ela está dizendo. E mais: é uma poesia de simplicidade clássica, despojada, de enorme sobriedade. Capaz de concentrar toda uma vida numa estrofe de quatro versos, como dizia um dos estudiosos de sua obra.

L&PM Editores – Você pode nos dar uma breve explicação sobre a escola literária russa acmeísta, da qual Anna foi fundadora?
Lauro Machado Coelho – O acmeísmo – palavra que vem do grego "acme", a essência – foi um movimento de repúdio tanto do hermetismo e do esoterismo simbolista quanto das experiências demasiado radicais do Modernismo, a vanguarda moscovita reunida em torno de Maiakovski e Khlébnikov. Ele foi proposto pelo Tsekh Poétov (a Oficina dos Poetas), de São Petersburgo, como uma forma de fazer uma poesia direta, sem excesso de adornos, que refletisse a realidade à volta dos poetas. Além de Akhmátova, na Oficina estava o seu primeiro marido, o poeta Nikolái Gumilióv.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

bom para vida e para os ouvidos

Pensei em escrever algo sobre a então famosíssima Susan Boyel (47). Cantora escossesa de rosto marcado nos últimos dias. Com uma história de vida que valeu reportagens na Revista Semana, Programa Fantástico e Jornal Hoje da Rede Globo, a estranha Susan encantou no programa de talentos mais popular da Grã Bretanha,o “Britain’s Got Talent”.

De aparência desastrosa, com taleto incontestável. A pobre voluntária de ingreja deixou platéia e jurados boqueabertos com sua voz doce e segura. Desconstruindo sua imagem então reprovada.
Os vídeos de sua apresentação de “I dreamed a dream”, foram assistidos mais de 5,3 milhões vezes, tornando-se um verdadeiro fênomeno do youtube! No entanto a "incorporação do vídeo" foi retirada a pedido da TV Britânica.

Susan Boyle sonha ser uma "estrela da música" e nos traz a beleza (sim, a beleza) desta arte justamente em tempos de pouco talento e muita performance. Em que a música é mais vista que ouvida ou sentida.

Aquela fisionomia bizarra... despertou ironicamente um sentimento de ternura em todas que a assistiam. Isso é a música!
Que ela realmente seja um sucesso e mostre a todos o valor de um sonho!

E quanto ao vídeo, resolvi postar uma das grandes canções de 2008, (aí eu falo de produção, arranjo e letra) Lost! do Coldplay, banda que acalma meus dias e definitivamente contribui para o este rol de bons músicos, que agora conta com Susan Boyle. Bom pra vida e para os ouvidos também!

Just because I'm losing
Doesn't mean I'm lost
Doesn't mean I'll stop
Doesn't mean I'm across


Certo Susan?

quarta-feira, 22 de abril de 2009

surge então

Uma vontade, um sentimento de escrever aqui o que escrevo a muito tempo. Um desejo antigo que hoje se materializa sem muita explicação. Em uma fase inconstante da minha vida, em que a dúvida me acompanha e eu mesma me conforto. Assim quero continuar escrevendo sem muita vaidade, escrevendo de mim (...) e para mim.

É uma ânsia de falar de tanta coisa, de relatar o que vejo e externar o que penso. São nuances coletivos de uma sociedade e de um indivíduo. De uma particularidade e de um todo. São pluralismos de uma intimidade, minúcias de um universo inteiro.

De narrativa liberal, de pouca forma e muita vontade. Subjetivo e poucas vezes racional. Tentando fazer jornalismo e também literatura. Política, poesia, sociologia, cotidiano, cultura... um pouco do que gosto, um pouco do que vou escrever aqui.