Dia desses uma amiga ao me falar de outra que há pouco tempo passara por uma perda muito grande, citou a seguinte frase: “ela está vivendo os pouquinhos”. E isso me fez pensar. Não somente por eu ser uma pessoa reflexiva, pois de fato tudo me instiga o pensamento, mas pela frágil densidade que isso me representou.
Que seria viver aos poucos? Penso na dificuldade em ir de vagar quando tudo passa tão depressa por nós. Em tempos assim tudo parecer transcender um pouco ao real.
Essa amiga então que falávamos, perdeu recentemente a referência que todos temos de família. Perdeu talvez o chão que lhe mostrou tantas vezes a velocidade dos passos que devia dar. Perdeu para a morte, vivendo no ritmo que a vida lhe impôs viver.
Lembro-me agora de um dos títulos mais brilhantes da história do cinema: “A Insustentável Leveza do Ser“. Filme de Phillip Kaufman (1988) cuja trama pouco tem a ver com a história dessa amiga minha, no entanto ambos os protagonistas sentem suas angústias em meio a um turbilhão de vozes – ele na invasão soviética em 1968, ela na volatilidade de 2009 – ambos no âmago de suas existências.
Ela então optou por viver aos poucos, ele eu não lembro.
Mas que “viver aos poucos” signifique recomeçar, reerguer-se, colocar-se a postos de novo. Porque realmente correr com a vida é coisa perigosa. Trocam-se os pés, tropeça-se nas pedras e ela parece continuar passando. Deixando-nos cada vez mais mortais frente ao imediatismo da vida.
Vivamos aos pouquinhos então, vivamos mais longe quem sabe... Parece assim, mais fácil sermos de fato mais humanos.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
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