quarta-feira, 23 de setembro de 2009

princesas



Essa semana assisti a um filme espanhol chamado “Princesas” de 2005, que dentre a ótima trilha sonora, típica das películas latinas, os diálogos puros e cheios de frases de efeito me tocaram a fundo.

O filme está longe de ser genial, mas se torna lindo por ser extremamente reflexivo e tratar com tamanha delicadeza um roteiro triste e cruel. Afinal de contas a vida daquelas mulheres, está mais perto da nossa realidade do que se imagina. Seus sonhos são tão normais.
O filme retrata a vida de Caye, uma mulher de classe média, que ganha a vida como prostituta, escondida da família. Passa os dias em um salão de beleza se arrumando para as longas noites e falando mal das imigrantes que roubaram seus clientes. Em certa circunstância, ela acaba conhecendo uma dessas "profissionais estrangeiras", a dominicana Zulema, com quem acaba desenvolvendo uma rara amizade.

As amigas dividem as angustias que a vida lhes proporciona. Preenchem uma a tarde da outra com cafés regados a desabafos que buscam aconchego e paz em algum lugar distante... em algum tempo futuro. São demonstrações de fragilidade interpretadas de uma maneira tão real que tocam no ponto mais fraco de quem está do outro lado da tela: o sentimento de identificação.

Caye comenta – aí atenção para os seus olhos em cada fala – de seus dias de puta e do grande dia que ela sonha em viver, o dia de princesa. E isso não envolve nenhum luxo, ela só queria que o namorado a buscasse no trabalho. Nisso se resumia sua felicidade.

Outro diálogo emocionante é quando Zulema fala das saudades que sente do filho que ficou no seu país de origem, e Caye fala da tristeza que é não sentir saudades. As amigas discorrem então como esse é um sentimento controverso: dói sentir saudades, mas dói mais ainda não sentir. A falta de saudade representa um vazio, como se não houvesse momentos bons a serem lembrados...

Enfim, tem mais mil passagens lindas. Vale muito a pena conhecer um pouco mais de Caye e Zulema. Com o decorrer da trama você vai entender o porquê do nome do filme. Elas sim são princesas...

Abaixo 5 Razones de Manu Chao, parte da trilha:

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

seja egoísta

Se eu pudesse lhe dar um conselho, meu amigo, diria: seja egoísta. É o único jeito de não pisarem em você. Fique certo!
Nunca tenha medo que lhe julguem por isso. Mas não deixe de jeito nenhum que pisem em você. Não abra mão de seu tempo, gosto ou interesse. Não faça se não for por você mesmo. Azar que reparem! Se você não for individualista, não vai andar com a humanidade. Se você não for, alguém vai ser. E mais uma vez vão pisar em você. Então peço que não deixe que façam isso. Os danos são difíceis de reparar, lhe digo. É algo que se torna crônico, cíclico, e só você demora a perceber. Não se arrisque a fazer o bem, outrora lhe farão o contrário. Saiba disso!
Não diga que não se importa, pois de fato importa sim. Com o tempo talvez você descubra e concorde comigo. Não faça de conta que não lhe fará falta, que o que importa é dividir. Pense nos outros, não estou lhe dizendo para esquecer. Aliás, quero sim que se lembre, para saber quem será o próximo a pisar em você. Não é uma questão de moral ou integridade, é uma questão de sobrevivência mesmo.

Por isso meu amigo, faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço...

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

meu tempo.

Ás vezes a vida nos prega umas que parece brincadeira do destino ou teste de conduta, como um empurrão para que se certifique que estamos de olhos abertos... Pois, talvez tenha sido um piscar de olhos prolongado, uma tentativa de vôo frustrada.

Me sinto em meio a uma cortina de fumaça, completamente vazia de credos e ideologias, é como se o tempo deixasse de existir em unidade e se tornasse meu melhor amigo. E assim eu quisesse dividi-lo com as pessoas mais importantes da minha vida, e compartilhar tudo que me faz melhor com os melhores.

Como se assim, nesses tropeços eu descobrisse o que de fato importa pra mim. Como num solavanco, a realidade retornasse para perto de meus princípios e o cortina se abrisse mais uma vez. Para que o tempo vá de novo comigo e com aqueles que realmente escolhi.

domingo, 13 de setembro de 2009

sábado, 12 de setembro de 2009

um dia a menos

Tenho que lhes dizer que hoje não me sinto muito bem. Temo decepcionar o leitor, mas acordei estranha, desconfortável, não queria ter acordado. Sair da cama foi algo tão doloroso quanto arrancar aquele curativo do meu joelho aos 11 anos. Era exatamente a mesma sensação como se a fita adesiva já fizesse parte de mim. Hoje, eram as cobertas.

Elas me imploravam que ficasse ali pelo resto do dia, ou talvez da vida. Pareciam me proteger de algo terrível que me esperava há metros lá fora. Cheguei a verificar minha temperatura. O apito do termômetro digital avisava, eu estava prestes a conhecer o motivo do meu desânimo. Não! Trinta e sete e dois! Perfeitamente saudável. Mas eu realmente não me sentia como sempre, era algo que vinha de dentro de mim, e que só não afetou minha temperatura corporal.

Após uma verdadeira guerra psicologia arranquei o curativo! Foi de uma vez só, mal pude reclamar da dor, tamanha minha agilidade (eu realmente sempre fui muito rápida com as mãos). Estava em pé agora, mas dessa vez, ao contrário da minha infância, sair da cama não me fez sentir nova. Aliás, me sentia perdida, diante do meu quarto e do mundo que me esperava lá fora.
Que que eu faço aqui?

Voltei pra cama e esperei o dia acabar...

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

instantes apagados

Foi assim que começou, de súbito e tristemente.
Ela não havia percebido, mas agora simplesmente não havia mais.
Ele se foi. Fatalmente partiu.
Aquela condição intacta teria então acabado.
Também em seu peito o tempo se desfez.

Que coisa triste, que manhã triste aquela.
Aonde ele fora? - se pergunta ela.
Sábia e fragilizada, pois o porquê não devia ser perguntado.
Protegida agora daquilo que se repete, sofre em dor calada e ausente.
Dilatavam-se então, infelizmente as lembranças de uma época perdida.
Como se fosse acabar agora e de vez.
Então ela sofreu e chorou , imitando o poeta.

Com o rosto úmido e salgado, foi assim que ele chegou.
No instante em que ela esqueceu enfim.
No momento, compulsivo pelo perdão.
Tomado pelo seu desdizer, ele foi ao chão, de joelhos aos pés dela.
Tarde demais, o pecado já o havia condenado.
Como por outras coisas e vezes, ele havia perdido sua eleita.

E reprimindo o seu pesar, ele não chorou.
Ela em pé continuou intocada.
E foi assim que terminou.
Ela mais uma vez mentiu, ele como de costume voltou.
E fatalmente ambos fingiram como numa história infantil.
Sabendo que não foi o fim de um conto apaixonado
Mas de um tempo de amor que já se foi.

nada comum

Numas dessas atividades mundanas como comprar sorvete no Mc, uma amiga descobriu algo a mais em mim. Não que eu não soubesse desse meu jeito, mas nunca tinha parado para pensar eu acho. E realmente foi inusitado, porque comecei a me questionar em uma série de valores.
“Ai Miti, como tu é atípica!”, disse ela.

ATÍPICO. Adj. Que se afasta do normal, do típico.

De fato. Quer algo mais anormal do que uma pessoa não gostar de coca-cola? Então, me revelo logo aí... e em muitas outras coisas.
Realmente meu gosto é duvidoso para muitos. Uso bolsas garimpadas a 20 reais, carteiras da minha avó e blusas listradas que minha mãe ia pôr fora. Deve ser por isso as expressões nada animadoras dela ao me dar opinião de roupa. “É Michelle, tu tem um estilo diferente”. Meu interesse pela arte também não é muito convencional, aliás, prefiro chamar de abrangente. Não que eu não goste do popular, pelo contrário só prefiro não me mostrar tão comum. Pois talvez não seja mesmo.

Assim repensei algumas atitudes minhas e certas emoções que não reconheço em muitas pessoas. E isso não me frustra nenhum pouco. Porque convencional ou não todos nós somamos de alguma forma. E o legal é se perceber nesse meio todo.
Que bom existe todos os tipos de gente...