
Numa dessas tardes frias, que nada me tira de casa, o pote de pipoca e o cobertor foram minha companhia. Afinal nada melhor quando lá fora o sol não dá as caras e a temperatura é de um freezer. Na TV, Kramer vs. Kramer de Robert Benton me rendeu os olhos inchados para o resto do dia e uma sensação de ternura que eu desconhecia... Explicarei melhor:
Kramer vs. Kramer é um drama de 1979, vencedor de cinco Oscars: Melhor Filme; Melhor Diretor; Melhor Ator (Dustin Hoffman); Melhor Atriz Coadjuvante (Maryl Streep) e Melhor Roteiro Adaptado (da obra homônima de Avery Corman). Precisa dizer mais? Não, mas direi mesmo assim.
Joanna (Maryl Streep) cansada da vida que leva ao lado de Ted Kramer (Dustin Hoffman) resolve sair de casa, deixando o filho do casal, Billy (Justin Henry) com o pai. Ted que se preocupava somente com a carreira se vê dividido entre o trabalho, o cuidado com o filho e as tarefas domésticas. Aos poucos ele consegue conciliar as novas responsabilidades. É aí que Joanna reaparece exigindo a guarda da criança. Fascinado pelos encantos de ser pai, Ted se recusa e os dois vão para o tribunal lutar pela custódia do pequeno Billy.
Para os dias de hoje o tema pode parecer comum, banal. Mas o filme é de uma sensibilidade ímpar. E mais, para os anos 70-80 a relação familiar ali explorada é algo inovador.
Uma mãe abandonar tudo, casa e filho pequeno? O pai ter que desempenhar o papel de pai e mãe? Aparecer todo bobo? Perder o emprego para cuidar do filho? Essa relação de pai e filho era explorada de uma maneira diferente naquela época. Outro ponto inquestionável do filme são as atuações:
Dustin Hoffman sensacional, recém separado contribui muito para a naturalidade do roteiro; Maryl Streep, a gente nem se dá conta que ela aparece em pouquíssimo no filme! Vale pela cena do tribunal que a própria atriz improvisou o discurso; e claro o pequeno Justin Henry, lindo e fofo e como falam na linguagem cinematográfica, "nasceu pronto". Certamente uma das atuações infantis mais convincentes que já assisti.
Kramer vs. Kramer pode ser "mamão com açúcar", é comovente, porém não tão leve quanto parece. Benton torna o simples em fantástico. Quem achou um drama banal talvez não tenha a sensibilidade suficiente para tocar a essência do filme. Pois, tratar de forma tão pura as delicadas e conturbadas relações de família, não é algo tão fácil assim. Vale à pena assistir.
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